domingo, 3 de dezembro de 2006

AVES NAS ALTURAS

Nos dias 25 e 26 de novembro, resolvemos, a despeito das previsões de chuva, subir mais 1000 metros de altitude, para tentarmos ver algumas das interessantes espécies de aves dos Campos do Jordão. Felizmente a previsão não foi tão precisa para aquelas paragens. Perdemos o início de uma manhã, mas no resto do tempo pudemos percorrer algumas trilhas do parque e a estrada de terra que vai para Guaratinguetá, onde fomos muito recompensados. Já no entorno da pousada, dentro do parque, nos deparamos com esse Myiarchus, que nos ocupou algum tempo, tentando ver nele detalhes de sua identidade específica.

























Talvez cansado de ser visto por nós com tanta desconfiança, resolveu mostrar-se de vez, abrindo a cauda como se quisesse nos dizer: "vejam que não sou tyrannulus!".























E, certamente irritado com a perseverança de nossa dúvida, pois ainda acreditávamos poder ele ser um ferox, resolveu encerrar de vez essa nossa imperícia, abrindo o bico para, num breve assovio, apresentar-se de vez. Bastou isto para que nos desinteressássemos por ele, para voltarmos nossos binóculos e filmadoras para o felipe, Myiophobus fasciatus, postado ali do nosso lado, aparecido "do nada".





















Ainda por ali, nos jardins das áreas administrativas do parque, ouvimos e vimos, no seu nicho obrigatório, o grimpeiro, Leptasthenura setaria.

Também, metido no meio das ramagens do pinheiro-do-Paraná, um sabiá, aquele que se diferencia de outro congênere parecido com ele, por ter este, ao contrário do outro, cara de mau!





















Até chopins, Molothrus bonariensis, tinha por ali, espreitando, certamente, os abundantes casais de tico-tico, Zonotrichia capensis.




















Pela estrada para Guaratinguetá, além das belíssimas paisagens dos morros da serra, entremeadas de matas e campos, pudemos ver, a curta distância, talvez atraída por nosso assovio imitando a voz da espécie, uma fêmea da saudade, Tijuca atra, desconfiada, meio escondida no meio da folhagem.






















Pousado num fio de eletricidade, o sabiá-do-banhado, Embernagra platensis e, nos pontos mais altos de nosso percurso, lá pelos exatos 2000 metros de altitude, a maria-preta-de-garganta-vermelha, Knipolegus nigerrimus...























...que, em um vôo ligeiro, mostrou o espetacular contraste de suas coberteiras inferiores da asa .




















Também, esse que nos deixou mais uma vez em dúvida, mas que, ao contrário do exibido Myiarchus, mostrou-se com máxima discreção e, com a maxila empinada, mostrou-nos total indiferença, não nos dando nem mais uma evidência de sua identidade.


















Igualmente muito discreto, mas traído pelo exagero de sua elegância e pelo privilégio de ser único em todo o mundo das aves, outro habitual morador dos campos de altitude, o sanhaço-frade, Stephanophorus diadematus.
























De volta a nossa base, ainda pudemos ver, ali mesmo, em seu entorno, diversas espécies atraídas por um comedouro estrategicamente localizado. O sanhaço-cinzento, Thraupis sayaca...




















... o sabiá-laranjeira, Turdus rufiventris...



















... o sabiá-barranco, Turdus leucomelas, o de cara de bonzinho...




















... a gralha-picaça, Cyanocorax chrysops...



















... e até o quete, Poospiza lateralis...


















... e o tímido soldado, Cacicus chrysopterus...






















... e, por fim, o trinca-ferro-verdadeiro, desinibido, e que, ao contrário daquele seu primo caipira, não deixa nenhuma dúvida em sua apresentação.





















Na chuvosa manhã de domingo, protegidos com capas, ainda pudemos percorrer uma trilha do parque e nos depararmos com mais algumas surpresas. Próximo do rio, em um amplo gramado, correram três pintinhos inteiramente pretos da saracura-do-mato, Aramides saracura.






















Mais à frente, já próximo do meio-dia, antes que todos desaparecessem de vez para sua sesta, ainda pudemos ver com muito detalhe, um tuque, Elaenia mesoleuca, que só uma vez manifestou o seu pio, suficiente para não termos que desvendar, no finzinho de nosso passeio, mais um dilema!






















Fora do alcance de nossas filmadoras, voaram bandos e pares do papagaio-de-peito-roxo, Amazona vinacea, um casal do cuiu-cuiu, Pionopsitta pileata, a tesourinha-da-mata, Phibalura flavirostris, e muitas outras mais comuns, mas registradas com igual zêlo em nossa lista.

Texto: Luiz Fernando Figueiredo
Fotos: Gilberto Lima

3 comentários:

  1. Genial o passeio!!
    parebéns pelo relato, gostoso com deve ter sido essa passarinhada.

    continue postando sempre!!

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  2. Excelente postagem, muito divertida. Fiquei bastante curioso quanto ao local em que estiveram. Gostaria muito de ir num feriado desses.Qual é a pousada e qual é o parque?
    Aproveitando. Fotografei uma maria-preta ano passado no Parque Nacional de Aparados da Serra. Acho que é da mesma espécie que vocês avistaram em Campos do Jordão. O link para a foto é este.
    http://surucua.nafoto.net/photo20060419210306.html
    Abraço
    Luiz Álvaro
    surucua.blogspot.com

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