quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Faça seca ou faça chuva, a vida se perpetua em Jataí...

Jataí, como um enorme quintal da pequena cidade de Luis Antonio, resta ali como uma ilha em meio ao mar de canaviais que hoje oprime a paisagem dessa região. E lá dá guarida, como último refúgio, a uma interessante fauna.


Quando chegamos, já os entornos da sede da Estação Ecológica nos dão uma amostra da beleza desse lugar...
... neste caso aqui criada pela estética de algum inspirado jardineiro...
... que, certamente, esforçou-se ao seu limite, para nos dar tão agradável recepção...
... ou, quem sabe, já preparar aqui nossos olhos para melhor contemplarmos depois, os jardins do verdadeiro Jardineiro.
E, se só por esses jardins ficassemos por todo o tempo de nossa estadia, mal não teria sido o investimento dessa viagem, pois por aqui já se pode ver apreciável amostra dessa bela avifauna de mais de três centenas de espécies, e de sua história, como a seriema,...
... o sabiá-do-campo...
... o pica-pau-do-campo...
... o periquito-de-encontro-amarelo...
... o suiriri-cavaleiro...

... que se mistura à história da arquitetura que aqui um dia se fez.
E muitas dessas aves vêm visitar esses jardins e edificações, como se pressentissem que o objetivo das pessoas que aqui vivem, é simplesmente sua proteção, como o sabiá-do-campo, que a um exíguo arbusto, confiou a guarda de sua prole...
... ou essa coruja-buraqueira, que, orgulhosa, parece saber que é ave mais fotografada e filmada desse lugar!
E para completar essa agradável chegada, um tímido morador do lugar parece que quer conosco fazer novas amizades.
Com a ansiedade em alto nível, em nossa primeira saída, ainda perto da sede, já vimos um pequeno bando de patos-do-mato, que vêm aqui comer restos de milho da lavoura.
Jataí surpreende pela diversidade de seus ambientes, que se sucedem ao longo de extensas estradas, bem preparadas para a pesquisa e a contemplação desse lugar.
O lago maior, onde novamente vimos, mais esquivos, os mesmos patos-do-mato...
... as matas fechadas, por onde se pode andar por providenciais trilhas...
... e assim contemplar seu enfeitado sub-bosque...
... as matas ciliares...
... morada preferida do pica-pau-anão-escamado...
... e de outros inquilinos menos familiares...
... e os lagos ao longo da várzea do rio, nessa época um tanto secos, motivo por não termos encontrado ali algumas aves “pantaneiras” que também os visitam...
... e os riachos, que em alguns pontos permitem repousantes e terapêuticas submersões!
Numa pausa para o almoço, aproveitamos a proximidade de Ribeirão Preto para brindarmos o aniversário do Adilson com o bom chope, de seu mais tradicional e folclórico fornecedor.
De volta, ao lugar que já tanto havíamos admirado, percebemos que a cada passo que déssemos, um novo quadro se encenava, como num filme cuidadosamente elaborado.
E novamente vamos, agora em busca do típico cerrado, e de seus fiéis moradores. Pudemos ver, como consequência da longa estiagem, o contraste do capim ressecado com a verdura das plantas que vão buscar nas profundidades o seu vigor.
Mas há perigos também por aqui, melhor mudar um pouco o curso de nosso caminho...
... onde vemos que, protegidos por essa guarda bem armada, jaz um jardim natural, quem sabe onde aquele jardineiro veio buscar sua inspiração.
Um convite irrecusável para contemplar os detalhes deste jardim, obra viva do Mestre dos jardineiros...
... que com seu farto pincel, não fez economia de cores para tanto verde...
Frutos de gabiroba.
Fruto de araticum.
... tantos amarelos...

... rosas...
... brancos e amarelos...
Flor de Pequi.
... tantos amarelos e verdes...
... rosas e brancos.
Um convite também para, numa ficção lilliputiana, voltar a passear pelos fractais...
... e fazer novas genuflexões...
... para bem observar, em meio à secura desse capim, essas mágicas aparições.

Típicas desse ambiente, vimos por aqui o papa-formiga-vermelho...
... a choca-barrrada...
... e a esquiva e frenética maria-barulhenta, que lutou bravamente contra o foco da máquina fotográfica!
Ainda nesse caminho surpreendemos um cangambá, que fugiu tão logo nos viu, só deixando flagrar como prova, sua bandeira fedorenta.
Outros, que também vimos, como o cervo-do-pantanal e um veado catingueiro, nem sequer esperaram pelo disparo da máquina.
Terminamos a tarde à beira do rio Mogi-Guaçu...
... onde, na sede de pesquisa da Universidade de São Carlos, nos encontramos com um alegre grupo de excursionistas de uma escola de Luis Antonio, hábeis em serem fotografados!
Com o entardecer, as aves diurnas retornaram para seus pousos...
... e um sovi, aproveitando-se dessa penumbra, veio fartar-se de estranhas cigarras, que muito bem poderiam substituir as sirenes dos carros da polícia!
Mas noite também é vida intensa em Jataí. De volta pela estrada ainda paramos para observar um curiango, encandeado pelo farol...
... e seu desprotegido filhote...
... ou a fuga rápida de um tapeti.
Mais à frente, outras dezenas de olhinhos refletidos na estrada não eram mais que mariposas sugando os frutos caídos de maduros.
Em nossa última manhã, ávidos por aproveitar ao máximo esses derradeiros minutos, ainda pudemos em um brejão, atordoados pelo ataque dos mosquitos, atrair com o play-back e registrar o curió.
Levando embora uma extensa lista de aves registradas, e alguns megabites de sua biodiversidade, deixamos Jataí sob mansa chuva...
... mas suficiente para transformar já conhecidas aves em estranhos espécimes.
Amigos que ali fizemos, vieram se despedir...

... e entregamos de volta, essa hospedaria que tão confortavelmente nos acolheu, àqueles que devem ser, esperamos que para sempre, os legítimos moradores desse lugar.
Textos e fotos: Luiz Fernando Figueiredo.

3 comentários:

  1. Olá Luiz Fernando!
    Adorei o relato! Muito poético, parabéns!!!
    E que registros...
    Grande abraço!

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  2. Adorei, o que eu gostei mais foi a Coruja Buraqueira. Aquelas maritacas no final também gostei muito.

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