sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Visita ao Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus

Prosseguindo o levantamento de aves de unidades de conservação do estado de São Paulo, cumprindo os objetivos do projeto que o CEO apresentou ao Instituto Florestal (COTEC), estivemos nos dias  3 e 4 de dezembro no Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus, município de Pedregulho, no extremo nordeste do estado.

A característica mais notável dessa unidade é o fato de abranger uma furna, que é percorrida pelo rio Bom Jesus, que dá nome a ela. A parte alta do parque é ocupada principalmente por cerrado, em boa parte com capim nativo e também no estágio de cerradão e nas encostas há fragmentos de floresta estacional semidecídua.


Nos dois dias fomos acompanhados por guias ambientais, que são de uma empresa terceirizada. O atendimento foi muito bom, os guias demonstraram bom conhecimento da área e disposição em nos atender. O Fernando, guia que nos atendeu no primeiro dia, é pessoa muito conhecida em Pedregulho, chamado por alguns de “o grandão”, pelo seu porte avantajado e que no ano passado foi o vice-campeão brasileiro de jiu-jitsu! Eu e o Julio obedecemos à risca as orientações dele! Também a gestora da unidade foi muito gentil e nos autorizou a visitar a UC também no período noturno, o que foi fundamental para detectarmos pelo menos duas espécies de caprimulgídeos. Com a estratégia do encandeamento foi possível chegarmos bem perto de um indivíduo, até ao  alcance da mão.



Na tarde do sábado visitamos a parte baixa da furna, que tem acesso pelo núcleo Chapadões do parque, mas não encontramos muitas aves nessa área. Alguns resquícios do tempo em que a área era ocupada por propriedades rurais ainda estão presentes, como ruínas de casas e plantas exóticas. A mais importante destas é o capim braquiária. Uma boa parte da encosta da furna nesse núcleo sofreu um incêndio em 2009 e a braquiária mostrava uma capacidade grande de regeneração e ocupação da área.

A parte mais plana no fundo do vale da furna provavelmente era ocupada por lavouras, pois mostra ainda curvas de nível, por sinal bem visíveis também no Google Earth e áreas ocupadas pela braquiária.



Usamos bastante o recurso do play-back e boa parte das documentações fotográficas só foram possíveis devido ao uso dessa técnica. Esse ui-pí estava cantando a uma boa distância no meio do cerrado e com o play-back se aproximou bastante e veio até pousar na estrada onde estávamos, bem perto do carro.



O Julio fez um ótimo trabalho de documentarista e assim as primeiras e únicas fotos de 38 espécies de aves desse parque foram postadas por ele no Wikiaves. Na busca avançada use como "local": "Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus" e em "município": "Pedregulho")


A unidade foi bem inventariada na parte de mamíferos, quando  foi visitada por uma pesquisadora inglesa que fez uso de dez armadilhas fotográficas. Não vimos nenhum mamífero, mas chamou a atenção o fato de que os lobos guarás gostam de subir em uma pequena plataforma de madeira, que eles chamam de mirante, instalada numa parte mais alta do parque,  para ali defecarem! Segundo um dos guias, essa pesquisadora encontrou numa dessas fezes restos de uma serpente, o que parece ser novidade na biologia do lobo-guará. Quanto aos répteis, a despeito de ser uma área onde fomos alertados pelo Fernando ser região com  muitas cascavéis, só vimos no caminho da Cascata Grande esse pequeno lagarto rabilongo, identificado pelo Dr. Luís Fábio Silveira como sendo o Polychrus acutirostris, segundo ele comum nos cerrados.



No domingo pela manhã pudemos visitar a Cascata Grande apenas pela parte de cima, já que para chegar na parte de baixo é necessária uma longa caminhada por dentro da furna. Seria muito bom um dia fazermos isto, para podermos observar os pousos dos andorinhões na cachoeira. De qualquer forma foi possível constatar a presença lá de duas espécies, uma delas o taperuçu-velho, Cypseloides senex, espécie com poucos locais de ocorrência neste estado. Neste dia fomos acompanhados pela guia Gabriela, que tem um divertido sotaque interiorano.


Registramos nessa visita 66 espécies de aves e a lista pode ser vista no site do CEO. Trata-se de uma unidade cuja avifauna foi muito pouco inventariada. Willis & Oniki (As Aves do Estado de São Paulo) fizeram também breve visita a Pedregulho (“cidade, incluindo fazendas e furna”) em 31 de outubro e 1º de outubro de 1987.  Pelas coordenadas geográficas indicadas, a “furna” refere-se à mesma incluída no PE Furnas do Bom Jesus. Em 1903 o coletor Dreher colecionou em Pedregulho uma seriema, para o MZUSP. O versátil coletor Olalla também fez coleta em Pedregulho no ano de 1963.

Poderia ter pedido ao guia para tirar essa foto junto com o Julio, mas o Julio não quis subir também na frágil arvoreta do cerrado!

 Brincadeira, eu estava sobre um afloramento de rocha!


Vamos voltar lá?



Texto e fotos : Luiz Fernando de A. Figueiredo
Foto do Luiz Fernando e da placa do parque: Julio Guedes

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Carpornis melanocephala (Sabiá-pimenta) no Wikiaves

Nossa amiga Silvia Linhares tem foto na "Melhores avaliadas da semana" do WikiAves e como destaque na página da espécie.

É o Carpornis melanocephala (Sabiá-pimenta) fotografado lá no PE do Jurupará. Parabéns para ela!

abraços,

Júlio Guedes


http://www.wikiaves.com.br/
http://www.wikiaves.com.br/sabia-pimenta


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Parque Estadual Jurupará


Junto com outros associados do CEO visitamos o Parque Estadual Jurupará, por sugestão do novo associado do CEO Maurício Merzvinskas, que já vem observando e registrando a avifauna dessa localidade e é proprietário de uma área que foi incorporada ao parque.

Julio Guedes, Maurício Merzvinskas, Célia Moretti e
Silvia Linhares (by self-timer)

Logo na chegada à área onde ficamos, um casal de anambé-branco-de-cauda-preta (Tityra cayana) estava edificando seu ninho aproveitando o oco de um tronco vizinho à sede da propriedade.
por Julio Guedes

Também havia, na frente da varanda, numa goiabeira, um ninho de caneleiro-de-chapéu-preto (Pachyramphus validus). O casal se revesava na arrumação do ninho, trazendo material colhido nos arredores. Muitos guaxes (Cacicus haemorrhous) também montaram seus ninhos nas imediações da casa.

por Célia Moretti
Acredito que a preferência e a abundância de aves ao redor da propriedade se deve ao belo lago na frente e lateral e às árvores frutíferas plantadas por ali.


sabiá-pimenta por Silvia Linhares
O sabiá-pimenta (Carpornis melanocephala) que já tinha em dias anteriores se aproximado da pequena sede, respondeu prontamente ao play-back e pousou na nossa frente, na mesma goiabeira onde o caneleiro-de-chapéu-preto tem seu ninho. Ressalta-se aos olhos a imensa quantidade de bem-te-vis (Myiozetetes similis e Legatus leucophaius) que habitam o lago na frente da sede. Ao longe algumas arapongas (Procnias nudicollis) vocalizavam, mas não se aproximaram em resposta ao play-back, mantendo-se distantes da nossa presença. Conhecemos vários trechos da área, mas não exploramos intensamente cada trilha. Foi mais um reconhecimento inicial.


mãe-da-lua por Silvia Linhares
Ao cair da tarde, no comecinho da noite fomos observar aves noturnas. Conseguimos fotografar uma mãe-da-lua (Nyctibius griseus), que respondeu de imediato ao play-back. O que ficou muito evidente na represa, e nos lagos da área que visitamos foi a ausência de aves aquáticas, muito comum nesses lugares. Pudemos observar um único martim-pescador-pequeno (Chloroceryle americana). Em geral, garças, biguás, patos, marrecos e outras, costumam habitar áreas assim. Observamos também que havia abundância de peixes no local.

No total contabilizamos 55 espécies de aves, mas temos consciência que observações mais demoradas e em várias ocasiões e estações do ano poderão registrar muito mais. No retorno uma grande ave de rapina cruzou a estrada, não pudemos identificar a não ser que era uma ave preta grande e tinha um enorme rabo branco. 

A lista das aves observadas pode ser vista no site do CEO: http://www.ceo.org.br/avifest.htm

Texto: Silvia Linhares
Veja a seguir mais fotos da excursão