quarta-feira, 9 de maio de 2007

LUA CHEIA EM CAIEIRAS

Mais uma vez saímos, seguindo a trilha que nos tinham informado, de relictos da Araucaria angustifolia na região desta Grande São Paulo. Passamos pela Serra da Cantareira, no Núcleo Águas Claras, onde, a despeito de um considerável número de exemplares dessa planta, em suas grimpas não vimos nada mais que esse comum morador deste lugar.
Entre uma aglomeração e outra de araucárias, onde parávamos para insistir com o play-black da voz do grimpeiro, outras paradas fazíamos para contemplar a passagem de algum bando misto, ou bandos de incontáveis saíras-lagarta, Tangara desmaresti.
Num olhar apressado, um passarinho que parecia ser a figuinha-de-rabo-castanho, Conirostrum speciosum, olhando melhor revela-se como a fêmea do ferro-velho, Euphonia pectoralis.
Seguimos até o Lago das Carpas, de onde se pode ver bem os aglomerados de pinheiros-do-paraná, e onde valerá a pena voltar outros dias até que cada um deles tenha sido adequadamente visto e "ouvido".
E entre uma bela borboleta...
...e outros bandos mistos de choquinhas-lisas, Dysithamnus mentalis...
...junto aos abre-asas-de-cabeça-cinza, Mionectes rufiventris...
...a passagem magestosa de um gavião-pega-macaco, Spizaetus tyrannus...
...indo e vindo, desorientado pela imitação precisa de seu grito.
Outro, facilmente enganado com o arremedo de sua voz foi o surucuá-de-peito-azul, Trogon surrucura.
E essa, certamente uma moradora nova dessa serra, a avoante, Zenaida auriculata.
A despeito dessa extraordinária lua cheia, neste dia nenhuma ave noturna vocalizou.

Dia novo, esperanças redobradas, e lá fomos nós, desta vez orientados por Ele, quem sabe?
Até um ponto já bem ao norte do Pico do Jaraguá...
...e bem distante no tempo...
...onde ruínas lembravam paisagens de castelos ou de contos de fadas...
...e que hoje davam morada para um novo inquilino. Quem será?
Caminho a fora, ainda vimos novos moradores do lugar, este mais simpático!
E logo começaram a surgir os primeiros sinais do hábitat que ali procurávamos...
Iniciamos então, por essa trilha do “Parque das Araucárias”, como se ali tivéssemos ido para o cumprimento de uma importante cerimônia, uma lenta caminhada...
...para, já no seu final, aos pés desse magnífico exemplar, ouvirmos, junto aos gorgeios insistentes de uma mariquita, Parula pitiayumi (quem sabe, atraída pela insistência do play-black de Leptasthenura setaria), uma sequência que nos pareceu diferente!
Mais umas repetições de seu play-black e lá veio o grimpeiro, descendo nervoso daquelas alturas até um pinheiro menor, onde o gatilho rápido de um flash já o esperava.
Antes de voltarmos, uma parada para que o guia que tão gentilmente nos acompanhou, fizesse mais essa gentileza de nos fotografar, e assim homenagearmos aquele que certamente jamais sonhou que um dia se daria esse desfecho, graças ter tido a felicidade de determinar que ali se preservasse esse talhão de araucárias, e junto a elas, mal sabia ele, seus tão fiéis moradores.
Nada melhor para encerrar esse domingo tão produtivo que esse show dessa lua cheia de Caieiras.

Texto: Luiz Fernando Figueiredo
Fotos: Arthur Macarrão Montanhini


2 comentários:

  1. Luiz

    Belas fotos e belo texto. PArabens,


    Ernesto

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  2. Que dupla!!!
    Luiz Fernando na crônica e Macarrão nas fotos ...
    Que beleza!
    Devereriam trabalhar no Terra da gente ...rs....

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