sexta-feira, 15 de junho de 2007

OS VISITANTES DE INVERNO JÁ CHEGARAM NA CIDADE DE SÃO PAULO

No início desta semana (dia 11 de junho), eu estava fazendo a contagem mensal das espécies de aves migratórias (maçaricos, batuíras, marrecos e outras aves aquáticas) em algumas áreas alagadas da cidade de São Paulo e ao chegar no Parque Ecológico do Tietê me deparei com aproximadamente 64 indivíduos de marreca-toicinho (Anas bahamensis), que estavam descansando em uma lagoa do parque. Trata-se de um marreco “comum” nas áreas alagadas do entorno da cidade, porém eu nunca havia registrado tantos de uma só vez, geralmente consigo contar entre 2 e 30 marrecos desta espécie.

Desta vez havia um número elevado e isso me chamou a atenção, tratei logo de observar o grupo e as características de cada indivíduo, foi ai que tivealgumas surpresas. Primeiro encontrei um grupo com 6 marrecas-cricri (Anas versicolor) descansando entre as demais. Esta marreca é muito bonita e já havia sido registrada e fotografada pelos observadores do CEO há algumas semanas no mesmo local. O pessoal do CEO deve ter registrado um dos primeiros indivíduos a chegar na cidade.


Anas versicolor - Foto: Gilberto Lima.

Depois de ficar curtindo a beleza destas espécies eu ainda tive outra grande surpresa, consegui observar entre o lixo e a vegetação rasteira um indivíduo solitário da marreca-pardinha (Anas flavirostris), uma espécie que só havia sido vista uma única vez no Estado de São Paulo, justamente no PE do Tietê na véspera do inverno de 1991 ou seja a 15 anos atrás.


Marreca-pardinha (de bico amarelo) ao lado de algumas marrecas-toicinho e pé-vermelho.
Este registro foi feito pelo pesquisador americano Douglas Stotz e sempre foi questionado por alguns ornitólogos da cidade, pois além de não ter sido documentado, esta espécie nunca mais foi registrada na região, que é relativamente bem visitada por observadores de aves. Agora, este registro da marreca-pardinha passa a ser o primeiro registro documentado desta espécie para o Estado de São Paulo, com isso, poderemos entender um pouco melhor estes movimentos migratórios dos marrecos do Sul do Brasil, que no final do outono e início do inverno se deslocam até as áreas de alimentação e descanso do PE do Tietê.
Indivíduo de Anas flavirostris (de bico amarelo) ao lado de algumas marrecas-toicinho e pé-vermelho.


Detalhe da marreca-pardinha ao lado de uma marreca-toicinho.
Este parque, assim como outras áreas alagadas da cidade são fundamentais para a conservação das aves migratórias. Mesmo poluído, o Rio Tietê ainda consegue oferecer recursos alimentares para inúmeras espécies de aves, que buscam nesta região abrigo durante o período de migração.

Parque Ecológico do Tietê, onde foram feitos os registros.


Vamos ficar atentos, pois podemos encontrar estes marrecos em qualquer lago ou área alagada da cidade.

Para quem gosta de fazer observações de aves, minha dica é procurá-los nos lagos do Ibirapuera, Jardim Botânico, Parque do Carmo e Parque Cidade de Toronto, além do Parque Ecológico do Tietê e das represas do Guarapiranga e Billings.

Vamos ficar de olho nos visitantes de inverno da cidade.
Obs: As imagens não estão com uma ótima qualidade, pois foram feitas como documentação.
Fábio Schunck

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