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Saíra-militar. |
Os casarões, um tanto rústicos, mas muito acolhedores, com fogões de lenha e com possibilidade de se dormir também em colchões extras dispostos em mesaninos, alcançados por toscas escadas de eucalipto.
Itereí ganhou notoriedade na imprensa e no meio jurídico por ter sido o motivo de uma ação propondo uma solução alternativa para o projeto de duplicação da rodovia naquele ponto, já que este originalmente previa uma segunda via distante da atual, pela parte alta dos morros, o que comprometeria sem dúvida diversos dos cursos d’água da região, além de expor áreas protegidas da mata primária à presença humana. Itereí ficaria ilhada entre as duas pistas da rodovia. A proposta alternativa prevê a duplicação ao lado do curso atual, em área já impactada.
Contra argumentam que o trecho continuará perigoso e acarretará atrasos nas viagens. Faz-me lembrar de uma trilha turística de Camboriú, onde um magestoso tronco inclinado de uma árvore foi mantido em meio à trilha, obrigando-nos a nos curvarmos para ultrapassá-lo e nele foi pendurada uma placa: “Curve-se à Natureza”. Talvez se esses burocratas de gabinete fossem levados para fazer um pouco desse exercício, tivessem, ao fazer seus projetos, um cuidado melhor com esses lugares.
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Área de um dos casarões, com piscinas. |
Há diversas trilhas, que permitem visitar os diversos ambientes do lugar, além das clareiras das áreas das construções, com suas fruteiras, lugar de fácil visualização de traupídeos diversos, chamando a atenção a frequência da saíra-militar, Tangara cyanocephala, que sem dúvida ganharia um concurso de símbolo desse lugar.
Numa das clareiras, surpreendemos o merecidamente chamado de gritador, Sirystes sibilator e aí mesmo, no mesmo lugarzinho da mata onde a tínhamos ouvido em outubro de 2002, continuava presente a galinha-do-mato, Formicarius colma.
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Gritador |
Pelos caminhos, pudemos contemplar também outros animais, como essa que parece ser a jararaquinha, Xenodon neuwiedii, mordendo um sapo que tinha dez vezes o tamanho de sua cabeça!
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Benedito |
Numa das trilhas assistimos o show de um irritado verdinho-coroado, Hylophilus poicilotis, que, não fosse termos atingido o limite de tempo que consideramos ético de play-back, teríamos trazido ao limite de foco de nossos binóculos.
Nos dias 2 e 3 de setembro vimos ou ouvimos 98 espécies de aves, dessas, 9 com algum grau de ameaça de extinção.
Três dessas visualizadas com grandes detalhes, como a choquinha-de-peito-pintado, Dysithamnus stictothorax, que saiu da mata para fazer uns poucos segundos de seu “Cirque du Soleil”, eriçando as penas e deixando cair as asas, como um filhotão pedinchando.
Também os tímidos primos-irmãos choquinha-pequena & choquinha-cinzenta, como uma dupla caipira, pulando freneticamente para lá e para cá, sob a luz dos flashes.
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Verdinho-coroado |
Isso é Itereí, um lugar que resiste ao limite da civilização, defendendo com garra o que sobra atrás de si, que os nativos de lá chamam de “o sertão”.
Texto: Luiz Fernando Figueiredo
Fotos: Gilberto Lima
Fotos: Gilberto Lima
Parece um paraíso! Belas fotos também...
ResponderExcluirLindas FOTOS. gostaria de gravá-las, porém apenas uma é copiável. Gabriel
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